Monserrate
Escuto este silêncio
Como uma ausência assustada de mim
Como uma agulha que se enterra profundamente no meu coração
Desenhando uma costura de nomes esquecidos
Desenhando os nomes de todos
Os que irremediavelmente vibraram comigo
De todos os que de longe a longe visitam a minha memória
De outros que aparecem
Como serenos sustos que se perderam no frio do cansaço
Na vida...no álcool...nas drogas
Como moscas esvoaçando em contra-luz
Queimando essa luz
Com os seus corpos cheios de pulsares ansiosos
Ausências e noites mal dormidas
Acordares de cabelos emaranhados pela areia da praia
Feixes de raios perdidos no marasmo dos dias desencontrados
Nunca estaremos longe
Nunca se está longe das marcas que se espalham pelo corpo
Nunca o frio treme mais que nós
Nem a dor se espalha com mais frenesim
Eram os tempos em que inventámos sonhos em Sintra
Sonhos feitos de ácido e noite
Tempos de saberes vibrantes e de speed
Pulsações de desejosos corpos etéreos
havia desordem no lago
Quando dávamos pão aos peixes que agitavam os nenúfares
Monserrate...jardim proibido...capítulo encerrado!