Montanha
Todo o meu eu
Está coberto por sulcos de vidas passadas
Seara de trigo...onde o joio se implantou
Frio e inacessível
Se eu pudesse fixar os olhos na distância dessas vidas
Quebraria as sombras
Que imergem dos contrafortes dos dias
Como quem se ampara a um sonho
Ou a uma alterosa fome de ser outro...
Divago...
Sei que as aves se dispersam pelas margens
Há nódoas de sangue nas fotografias
A minha cabeça flutua na ponta de uma pesada tristeza
Qual lança de terra a sugar-me a alma
Sento-me no sopé de qualquer montanha que me apareça
E ali fico...
Imerso na minha vontade de adormecer....