Murmúrios...
Colho os murmúrios do vento
Nas minhas mãos se aquece o meu mundo
Caos de mar a iluminar o tempo
Fulgor de boca onde luzem palavras
Palpitação de luz ofegante
Remo de vida...dupla glória anunciada
Mesa onde se colocam os sentimentos
Prato onde se comem as profundezas
E uma profusão de ais a arrancar bocados à vida.
Ali o tempo repete-se luzindo em redes de prata
Ali se abrem as brechas no corpo sazonal das constelações
Ali somos insignes actores de múltiplos cinemas
Coincide em nós a noite e a ficção
Personagens de um texto indecifrável
Ali...onde a carne desaparece e os olhos se suspendem
Adormecemos nos interstícios
De uma noite murmurante.