Na colina em frente...
Era uma hora como todas as horas
Era um tempo habitado por tectos opacos
Era a côr...a cruz...o cheiro...era o agonizar do frio
Abri os olhos...e sobre a mesa o sol desfazia-se em palavras
Havia uma abóbada que as estátuas seguravam com o seu olhar sereno
Havia nas coisas um pouco de cada dia...um fumo...uma névoa
As mãos seguravam as pontas irremediáveis da água
Os pensamentos eram guizos...sonhos...teclas...
Na colina em frente...um rebanho mostrava como era a felicidade
E a linha da paisagem desembaraça-se no comprimento dos olhos
Quantas vezes morre um homem?
Quantas vezes dentro de si edifica paisagens que não conhece?
Num breve tempo...num breve espaço...salta da infância para a solidão
Coberto de tempo...cheio de azul...sôfrego de liberdade
Em si se abre a esteira que o conduz ao universo
Fora de si...as ruas e as esquinas onde as rugas tocam no silêncio
Dentro de si...o sudário que lhe cobre o outono
Onde as folhas que caem...são pássaros sem deus...