Na margem das palavras.
I
Alheio aos prados desenho segredos nas folhas dos cardos
II
As luas azuis prolongam-me os passos
Num delírio de sol espreito o mundo
E os sonhos são tecidos...em brocados de sede
Fome de lobos acenando aos ventos
Nos limites do frio esvoaçam flores
Nas gotas de orvalho se despem estrelas
O maior segredo destas as algemas
É ser feito de palavras que não são poemas.
III
Era apenas poeira intemporal a escoar-se por entre os meus dedos
Desprendi as mãos...deixei os meus passos afagar os caminhos
E na largura baça do encanto segui um coração que flutuava no verde dos limos
Mas havia tanta distância entre mim e esse lugar
Que me apaguei numa seara sem respostas
Onde apenas havia um claro gesto...de embalar!
IV
Que fazer quando tudo se oculta?
Que palavra semear?
Ave tolhida no empedrado dos dias
Alisando paisagens...comendo maresias...
E as nuvens passando...atam-se a teias...
Buscam o homem que vive na margem das palavras.