Na mesa do saber
Na mesa fantástica do saber
Degluti sobremesas de explicações
Teses ridículas de filosofias salvadoras
Linguagem plástica de desequilibrados
Feita com a retórica desértica dos insignificantes
E tornei-me uma moldura gritante de ironia.
Ergo o copo e brindo às bifurcações da alma
Ao desassossego aprendido com o espanto
À resina colante do minuto irrepetivel
Aos sonhos alienígenas gotejados
Pelo funil das visões hilariantes e ilógicas.
Brindo à severidade esquálida dos miseráveis
Ao filme mudo e palavroso das acções.
Visto-me de atitudes inconvenientes
E enfadado pela banalidade impertinente
Uso solenemente um fato de barata negra e,
Sento-me num anfiteatro de bancos ásperos
Para assistir ao Sisifo acto da vida
E à petreficação do homem.