Na planura de um verso...
Na planura de um verso...cheguei
E o silêncio vestiu-se com a tua idade
Cheguei a pensar que eras uma luz...
Uma dança emanava da tua fotografia
O canto...a cidade...o riso...eram anónimos ruídos que a noite trazia
Do outro lado de ti...vi as luzes apagadas...
Desci à terra e encontrei-me com as ranhuras das tuas mãos
Brilhavam fogos dentro de frenéticos suspiros
Abril escapava-se pelo orvalho pousado nas rosas amarelas
E eu não sabia que eras a claridade que espiava a noite
Eras o baloiçar de um vestido feito de gaze carmim
Dentro da tua melancolia moviam-se cobras asiáticas..danças de luzes foscas
Encontrar-te..era beber a geada pelos olhos negros dos melros
Era vestir as aragens que as aves traziam nas patas sôfregas
Era navegar pelas sombras anónimos dos buxos
Era descer a outra terra feita de colinas ...debruçadas sobre a lonjura da solidão
Encontrar-te era exalar o frio húmido das cavernas..habitar a incerteza
Procurei no balançar trôpego dos mapas..a astrologia dos suspiros
A amurada dos silêncios..o desbravar da alma...
Mas não passei de cal...branca e pura..desfazendo-se na desordem do tempo
Como uma luz que se alarga em redor dos corpos..inebriante...sumarenta
Tatuada em dolorosas e impossíveis geometrias
Mostrando a nudez e a plenitude..dos corpos suados...brilhantes
Fugidios...