Na ternura da noite
Nas horas mais ternas da noite
Todos os meus pensamentos vibram com a doçura dos desejos
Fantasmas visitam-me vestidos de aves vagarosas
Abro a janela e sento-me no escuro...
Perante a brutalidade sólida da noite
O meu tecto é um olhar mudo...uma consciência arenosa
Percorro a vergonha da alma esmagada pela tristeza
Falo para o bolor que me atravessa...deslizo pela ponta dos dedos
Muito ao longe... observo a caligrafia das estrelas
Guardo a consciência de mim num baú cheio de enigmas
Enigmas do tamanho de homens
Sei que não vale a pena acordar os outros
Deixá-los dormir o sono dos gansos
Sei que acordarão irreconhecíveis como troncos de videiras
Mas eu... descerei à brutal claridade do infinito.