Nada muda
A tua pele era um imenso mar
Uma flor feita de pássaros garridos
Há um tempo esquecido em cada cansaço
Uma luz que não regressa...uma despedida
Perante a tágide que voa no tempo que cai
Como a fluida ave que rasa a sombra
A lucidez da pupila renasce
O rio devora as imagens...a labuta..os despojos
Nas gaivotas flutuam tragédias
Comboios passam rente às recordações...a luz aquece
A maré submerge os varais
Assusta os pensamentos...
Reflete-se na alucinação dos mares
Confunde-se com a pele dos homens
A pele daqueles que caem...jazem
Dentro de um frio marítimo...matinal
Melodias aconchegam-se no ar
são sementes renascidas..feitas com pautas de algures
Há suor...há uma dívida para com o perdão
Um rosto perde-se...ecoa na paisagem
A pele efectua uma contradança
Eclesiáticos tempos...os templos devoram as almas
Mas o cansaço avança....mudo..surdo
Os pássaros voam...tudo muda...nada muda...