Nada se extingue
Sonhos sublimes
Convencimentos de paisagens pintadas sobre o peito
Divinos sóis que as águas inventam
Gemendo sobre granitos loucos
Sonhos exalados por um imenso clarão
Inscrito na pedra iluminada
Nada se extingue
No ardente aroma de um sonho que se mostra ao Universo.
Estrelas fundem-se num canteiro feito de corpos
Brechas abrem-se nas vidas
Que suspiram pelas flores das glicínias
E todas as chuvas se aconchegam numa insónia
Feita de cemitérios cheios de anjos enjoados.
Flexível é a melancolia
Que atravessa a quietude de um tempo
Dentro do qual
Um lago gelado conserva pirâmides de mundos magníficos
Mundos onde tudo se resume a fragmentos melancólicos
Que tacteiam um lume lunar
E todas as trevas se escondem na areia
Que flutua na luz das alturas
Até que os meus braços nus se abram
Num abraço feito de espaços floridos.