Não há desvios para a Vida.
Caminhamos pela nortada de março. Desabitados do mundo observamos condignamente o círculo férreo da vida. Sabendo que somos parte de um filme que acabou com o nosso nascimento. Um grito afunda-se no caos do cosmos. Uma greta abre-se em cada faísca. O trovão é apenas mais um susto. Das árvores escorrem nuvens negras. Acabamos fechados numa vaga sensação de final de tempo...gelado. Olhamos a nossa outra margem. Entramos em todas as perguntas que fazemos. Somos a suprema verdade do nosso desencontro com todas as certezas. Somos mesmo constituídos por todas as incertezas. E, como sempre, somos os pintainhos seguindo a mãe vida. Galinha de ciclos muitíssimos apertados que nos conduz ao fundo do barranco mais solarengo. O barranco onde a magia petrificou a alma.
Fazemos desvios. Encontramos caminhos. Amar é muito mais que soprar amor num pescoço desnudado. Talvez eu colha uma flor e faça com ela um filme de cenas ignóbeis. Ou conte uma história onde dou saltos de gato sobre todos os telhados da vida. As pessoas fazem perguntas. As pessoas debruçam-se sobre o que não sabem. As pessoas vivem....como salamandras assustadas.
Reluz um sentimento na estante mais alta dos olhos. O fracasso persegue o espantoso espelho da verdade.
Não há desvios para a Vida.