Não há distância entre nós
Estarei onde estiver a minha alma
O meu espírito...
A minha obrigação de ser
Assentarei as minhas paredes sobre os dias frescos
Dias cheirosos a terras lavadas
Emitirei sons...
Que serão esforços de mim
Que serão teus
E que te chamarão
Para nos diluirmos na noite.
Depois... acordaremos
Com os corpos assentes em luzes translúcidas
Cansados...teremos a visão de todas as cores
De todos os cheiros e mistérios
Sentiremos tudo com a carícia do veludo
Seremos apenas corpos...flores silvestres
Seremos como a eternidade
Que vai caindo sobre nós
Como uma chuva enxuta
Lançaremos o nosso coração para longe
Para a primeira luz que aparecer
Porque está escrito
Que a distância que existe entre nós
Se perdeu nas ruelas onde não passámos
E que...já não existe distância...nem ruelas...nem nós
Seremos apenas uma luz
que prescindiu dos nossos corpos...
Seremos unos
Como se estivéssemos numa sombra concreta
E o mundo fosse um resto de dias
Sobras de dias...que já não queremos rabiscar
Porque estaremos lá
Naquele momento delicioso
Em que não precisamos de estender os braços
Porque já estaremos abraçados
Perdidos...e isentos de dor...