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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Não quero mais este peso sobre as costas

Não quero mais este peso sobre as costas
Não quero mais este tempo persuadido de abutre
Não quero mais estas trevas escorrentes...do negrume da noite
Não quero mais ser a sentinela...do corpo frio....
Quero percorrer...saturado de volúpia e de ombros nus...como um budista melancólico
O caminho lancinante do esquecimento...
Os anos cheios de pequenas coisas
As noites negras...as lágrimas doces e profundas...
Por isso...não me tragam mais anos...não quero mais dias
Nem trevas atraentes...nem caridades enfeitiçadas
Deem-me espaço e tempo...luz e movimento...
E eu farei de uma cabeça tenebrosa...algo vago...
Como uma harmonia...ou um sentimento imenso...
Uma banalidade... ou uma ideia atroadora...
Uma bela ambição...ou um espelho reflectindo navios...
Uma aversão...ou um fogo triste...
Usarei todos os saberes...em todos os momentos...
Em toda a profundidade do oceano...
Em todo o sentido da existência...
Em toda a tenebrosa melancolia dos cadáveres...esquecidos...
Em todo o poder atroador da nostalgia...
Farei tudo o que quiserem...
Atravessarei uma auréola flutuante
Apanharei uma língua caída na lama
Repousarei num uivo...ou num sorriso largo...
Comerei a minha aversão à vingança...
Mas...não quero mais peso sobre as  costas....