Não quero ser luz
Não quero ser luz
Quero ser força
Não quero ser suplício
Quero encher-me de gozos
Não quero ser o caminhante perdido
Que segue sem Oriente
Nem a luz alterada
Pela rarefação dos corpos desencontrados
Quero ser impaciente
Como uma febre divagante
Quero regressar ao tempo sem idade
Quero fazê-lo contar a sua história
Numa orgia caleidoscópica
E o corpo?
Se temos que o matar
Para que nos leve ao paraíso
Pois faça-mo-lo
Retiremos das nossas entranhas
As flores mártires
Rasguemos carnes
Estripemos a alma
Mandemos flores ao diabo
E depois...
Riremos com o entusiasmo dos cruéis
Como se fôssemos uma autoridade
Carregada de gozos
Ou como mestres na arte
De mandar palmas de flores encantadas
Aos sofrimentos
Porque o paraíso
É apenas uma subtil passagem
Na nossa divagação pela Vida!