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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Não se diga

Não sei se diga

Que o homem é igual a Deus

Não sei se diga

Que o homem é um escândalo de Deus

Não se diga

Que o homem é um louco

Liberto das grilhetas da razão

E que pode caminhar

Às arrecuas do tempo

 

Não sei se diga

Que a alma tem perfume

E que a lama enfeita as mãos

Não sei se diga

E que a memória é carregada de ácidos suaves

E de sorrisos...e de elegâncias

E que tem os olhos fitos na avidez do passado

 

Celeste é o leite

Que temos que beber

Requintado é o sorriso

Que temos que sonhar

Fortificantes são as desilusões

Parecidas com a verdade.

Moribundas...moribundas

São as suaves luzes do Universo

 

Fios de seda

Ligam-nos ao seio materno da Vida

Existimos...fortes...ávidos...magoados

Mas também estendemos mãos

Às recepções calorosas do coração

 

Libertamos odores antigos

E ternura nos gestos

Mas também pintamos

Crédulos templos ao ar livre

Sim! Templos ao ar livre

Não esses templos a cheirar a mofo

Onde se escondem os deuses empoeirados

Desses não precisamos

Queremos deuses puros

Que brinquem connosco

Que riam connosco

Que sejam realmente irreais e tocáveis

Que possam ser bebidos com prazer

 

 

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