Nasci de um incandescente rio...
Nasci de um incandescente rio...peixe sentado no ventre da Mãe...
Gota de escuro...corpo soletrado...sotaque de bosque que devora as sombras
Sou a voz que se separa do sangue...como uma gota de areia sentada numa flor seca
Visto-me com o tamanho das palavras...como uma viagem sem destino..dor e ventre
Enrolados numa enorme alma que tomba sobre os últimos raios de sol...
Vejo o sangue correr...escuto o medo a tombar para dentro de mim...como uma folha seca...
Lágrima de estrela viúva..alecrim criado num tempo leve e calado...aromático..
Cromática sombra de cedro despido...a imitar um viajante sem tecto...
Na secura da alma devorada...
Ergo-me...ergo-me como um presente desperdiçado...sei que os céus me protegem...
E não me importo com o que irá sobrar dos meus magros dias...
Sou o voo de pássaro sentado numa réstia de sonho...como um bicho que devora a solidão
Levanto os olhos e vejo cinco sóis...todos me esperam...
Escoando a sua luz no meu caminho...alumiando as minhas impurezas...
Como uma água feita de anjos que nasceram só para mim!