Naufrago
Dói-me esta chuva que me cai nos olhos alagados de sal
Esta chuva que sobe por mim
Que me sulca como se ouvisse os choros do meu silêncio
Que faz erguer o aroma da terra carregada de jasmim
Que me salpica com laivos de ondulação ferida pela aragem
Abro o meu peito às estrelas que desfalecem na luz terna do infinito
De mim sobra apenas o desdém pelas cores rosadas do riso fácil
Erupções de sol perdido...
Neve de penumbra que queima os pressentimentos da alma
Como um golpe desconexo que brilha na dessintonia submersa das despedidas
Poço de mistério...inútil mudez..insignificância de naufrago
Baixo os olhos..talvez um dia acorde...