Tenho todas as estradas
Tenho todas as estradas
E todos os pavores me falam das distâncias que devo percorrer.
A noite é uma nesga de silêncio
Que pulsa na minha memória como uma sede a dizer saudade.
Saudade da vibração da água caindo em cascatas sobre os nossos corpos nus
Saudade das pálpebras que se agitam na incoerência das horas
Que agora...não passam de delírios...enquanto atravesso os meus desertos
Que se apegam à minha vida...como corredores sem fim...
Nem finalidade..
Mas o que te queria dizer...
É que as cidades agora já não me servem para nada
Agora sou o princípio do meu precipício
E a água...ainda me lava a memória de ti...ainda me leva a ti
A água...ainda fica turva quando o tempo me sobra
E eu já não sinto a seiva que circula em mim...
E me corrói...
Já não me dou ao trabalho de procurar saídas
A manhã é apenas a hora de acordar...ou de sorrir
Tudo se apaga...não há desculpas...parar... ou seguir em frente..
É apenas uma forma de falar do tempo...do passado e do que passará
É apenas água...a tecer uma imprópria forma de sentir
E talvez tudo seja...apenas uma memória gravada...
No coração!