No fluir de cada instante
No fluir de cada instante há um movimento de pássaro
Asa dobrada ao destino
Fotografia inesperada de um turbilhão de vento
Tempo de agarrar o momento
Levantar-se e dentro do invisibilidade do luar
Agradecer aos sítios onde dormem as veias
No fluir de cada instante há um amante
Que gira dentro de um perfume
Uma memória feita de ciclones
Um lugar parado num muro de pedra
Eis a posse...a beleza
O descer ao tempo em que os momentos eram feitos de amor
Eis o mastigar dos dias
Os nomes dos versos
Daqueles que não sabem trepar ao deserto
Eis o anoitecer...o coração feito de janelas
A tinta da paixão...a morte das luzes
E os gritos..os gritos...
Hoje e sempre a aventura...as palavras...
O sono e a contemplação
E o mar desolado pela ausência dos rostos
Enche-se de melancolia..
Dispersa-se pelas ilhas
Assusta-se com o sono das gaivotas...
E nós hoje...e nós amanhã...e nós sempre.
A dormir no movimento giratório da Terra
A ser beijo que se agarra às árvores
Orvalho de despedida
Rosto e flor de gesto silencioso
O sono vem... a luz apaga-se...
O poema acaba-se...depois... e sempre...