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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

No rio somem-se todas as gotículas de vento

Distribuímos a vida como quem inveja a distância das manhãs

Chegamos ao fim da pele..chegamos à pureza extinta das mordaças

Doem-nos os sorrisos....somos o palco incendiado da vida

Mas há sempre um outro alicerce a despertar

Há sempre uma outra areia a infundir laivos de tempo insano

Há sempre uma outra dimensão de nós a espiar as locomotivas da noite

E depois as pedras..o sangue...as árvores...e as nossas débeis penas de cotovia

Que encontram no lusco-fusco das tardes..o caminho arenoso da solidão

Mesmo querendo conhecer o segredo onde desponta a nossa crucificação

No rio somem-se todas as gotículas de vento

A atmosfera invoca relíquias de luas crucificadas pela inveja lunar dos sonhos

Há ninhos de âncoras a despertar nos mares bravios

E as fendas nas rugas do vento...

Dizem que o tempo dos homens castrados foi uma heresia salpicadas de gumes

E se os ninhos das águias se abrirem em vértices de tempo

Se os fundos dos lagos enferrujarem como os palcos das comédias

Se a morte renascer em corpos cravejados de jasmim

É porque o olhar da água soltou uma sonora gargalhada

É porque a antecipação do fim se entornou pela saliva geométrica das casas

E a penumbra é um tapume de ninhos abraçados ao mar

E nós... somos a tragédia inarticulada das estátuas vazias.