Noite de amor
Rosto minguado
Engravidado pelas gotas
Que escorrem das folhas mortas das árvores
Chão contrariado
Contraído numa demora de mulher sem roupa
Ausência de tempo...instável silêncio
Segredo que se esvai num olhar ausente
Gruta de náufrago coberto de escamas
Alma que escorre pelas frestas da língua
Numa pose onde latejam seios lambidos
Flutuamos...fluímos...carregamos o prazer na pele
Somos como sangue condenado
Piar de coruja que nasceu ferida
Rio com insuficiente margem para se espraiar
Descemos da nossa condenação como penas mortas
Decepadas aves cegas
De dentro de nós sai chão coberto de lodo
Tronos de reis...bancos coreográficos
De dentro de nós saem amargas línguas
Que nunca aprendem a rasgar a boca
Que apenas querem contemplar o acordar de um corpo mordido
Azulado dia de metamorfoses
Escorrido na chuva de uma feroz noite de amor...