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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Nortada...

Chove na minha fundura de olhos cavados

Já plantei o luar no jardim mais belo

Já me ergui das brumas do vazio

Já vi o sol arrefecer nas penas de uma águia

Já me vi nas mãos de um tempo exposto à nascença do dia

Já me inquietei por ouvir uma música cravada nas pétalas de uma rosa

E vi numerosas aves a dançarem na plenitude do frio


Junto ás areias concebi uma nortada

Espalhou-me em todas as direcções

Como se eu fosse uma paisagem sem noite nem lugar

Como se eu fosse um rio a desaguar nas raízes da árvore universal.

 

Havia um estrela que indicava uma passagem translúcida para os abismos

E uma chuva de sal a branquear a lua que estava deitada nas pingas do orvalho

O tempo arrefeceu...a pele arrepiou-se...fechou-se num manto de coração nublado

E não houve mais tempo...nem paisagem...nem música...

Que o libertassem...