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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Num quarto povoado por sonhos

Era como um pássaro enleado em agudos horizontes

Pintava-se numa simulação

De sangue feito de jacintos amarelos

E gostava povoar os dias com nuvens de pó de arroz

No rosto nasciam-lhe orquídeas brancas

Que simulavam avenidas incompreensíveis

Espreguiçava-se indiferente aos dementes entardeceres

Gostava de enfeitar com flores a sua própria sombra

Como se fosse uma máscara latejante

Vestida de um branco imaculado

Das suas mãos saíam cidades feitas de leite

Asfaltos complicados...frescas feridas na alma

Era como uma ave povoada de corpos

Que cresciam sobre geométricas figuras crepusculares

Labirínticas penumbras periféricas adornavam a sua sombra

Onde respiravam paisagens

Feitas de homens esfaqueados pelo entardecer

Simulava...sim!

Simulava iluminações de belezas dementes

Como portos sem barcos

Latejando numa tenebrosa noite

Era a flor bordada na toalha de mesa

Que engana a fome fosforescente

Era o dançar de um bailarino esquecido

Que inventa a sua coreografia sem nexo

Até que a cidade lhe atirou flores contra os olhos fechados

E amanheceu ...sem saber como

Num quarto povoado por sonhos

Onde espantados olhavam de soslaio

A folha de papel branca e vazia

Bordada de solidão.

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