Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

folhasdeluar

folhasdeluar

Nunca cheguei a saber de quantas letras precisava para chegar a ti

 

No fim..tudo voltará a ser como nos primeiros dias

O céu pouca atenção nos prestará...as aves serão apenas passagens

E o verão...será como um molhe atado ao nosso corpo...um barco solitário

Na limpidez dos olhares veremos corações..versos surdos à intempérie

Paralisados pelo asco das migalhas que restam na mesa suja onde comemos

Bastava uma palavra e todas as cicatrizes da memória ficavam curadas

Bastava um abraço...um apertar de lumes...um cheiro de vida

E tudo seria água fresca escorrendo pela milenar fonte da nossa alma

Mas há a insónia..esse navegar pela noite..esse mastro atacado pelo escuro

Nunca cheguei a saber de quantas letras precisava para chegar a ti

Nem a quantidade de véus opacos que sobrevivem aos sonhos

Mas há ainda o cheiro do quarto esvaziado de nós...

Mas há a penumbra onde ainda te vejo... despida

Tão jovens e com tantas coisas dentro..

Que até os suspiros eram beijos onde as lágrimas pousavam

E perante a incerteza das águas...desfizemos a ternura em charcos lamacentos

Avançámos..deixámos na nossa esteira uma sombra em branco

E os peixes diziam que a vida era a espuma que se colava aos nossos pés

E as estradas diziam que a vida era o pó que se colava ao nosso corpo

Mas nós...nada dizíamos...apenas olhávamos o ar...

Parados... na vida...