Nunca saberei quem sou
Nunca saberei quem sou. Nunca saberei que mundo me espera. Nem sei se invento o mundo. Ou se o mundo é uma invenção da alma. Não sei qual a tecla que me faz sonhar. Nem sei qual o quadro com que encho o espaço. Não sei que sino toca na minha ambiguidade. Nem sei qual a minha globalidade. Sou um subjectivo paralelo de mim. Uma tímbrica sonoridade minimal. Sou um instante e um conceito. Vivo na estridência de uma metálica noite. E afago a pureza dos horizontes. Nada em mim é nítido. Tudo me absorve. Uma música monótona. Uma noite terna. Ergo-me à altura do meu cadafalso. Cânticos sibilam na luz difusa. E eu caminho...pelas minhas arcadas. Pelo meu tempo vazio. Pela ácida indecisão do rumo. Pelo meu rumo..que silva. Na solidão de um silêncio que invento.