Nuvem de ferro
Campos e montes. Desejos descalços. E a memória a trepar às árvores mais altas. Enquanto os olhos descaídos descansam numa anemia mansa.
Sonho. Enfrento o suicídio das estrelas. Esculpo os meus passos com a cera do mundo. Sinto a humilhação dos sem-pátria. E queria saber o que acontece a quem desconhece o contentamento da dor. Ou...àquele que usa a arma do silêncio... para carregar consigo os sentimentos mais apáticos. Não quero saber de caras nem de tumultos de alma. Nas alamedas dorme-se em qualquer lado. E quando desce sobre mim o inexorável espanto de uma rua silenciosa...fecho-me na minha nuvem de ferro...e descanso sobre a minha inconsciência.
Atravessar o mar ou um campo de flores é a mesma coisa. Sentir a coacção de janeiro sobre o corpo... é sentir! E as pedras erguem-se. Os homens erguem-se. Os animais...esses apenas suportam os homens.