O bafo inútil da fé
Numa serena solidão
Caiu-me no colo o bafo inútil da fé.
Vi na face turva das preces
A borrasca peregrina que perturba o mar imaculado.
Aprendi que a intolerância da razão
Mata o sonho da liberdade
E traz reminiscências de clausura.
Vi na luz radioctiva a mudez estupefacta da face incendiada
Conheci a saudade esmagadora
Olhei perplexamente o bem e o mal...
Fechei-me com uma chave enferrujada...
E com meticuloso propósito enterrei-me no meu cerne
E mirrado de expressão e vida
Fiquei como um fóssil numa paralisia orgânica.
Transformei-me numa crisálida
Num apoucamento de mim próprio...
E assim me guardei para futuros dias menos sombrios.