O bafo quente das macieiras
Loira seara...rubra papoila que danças no bojo do céu
Luta anémica..aventura..despedida de bala
Sacrifício de espiga parida
Há mudança naquilo que cresce
No frio e na chuva e nas nítidas sílabas das cidades
Na lapela da noite poiso a memória
Evoco a demora..descubro rostos
Pela minha pele dispersam-se fios de agulhas..pontadas
Risos finais de pássaros felizes
Uma parte de mim diz que invento a planície
A outra corta a direito perde-se em labirintos de algures
No fundo..tudo são sonhos de aves enfeitiçadas..sustos
Anjos assustados percorrem as aldeias
Perdem-se nos rostos enrugados das mulheres
A esperança continua a mendigar...dorme...sonha
Cai no chão como o bafo quente das macieiras
Em todos os caminhos há luas
E musas e assustadiças...
Cigarras que sonham no Verão apolíneo
Despedida de poeta na flor do anjo caído
Garra de céu dormitando
Clamo pelas manhãs...abandono de monotonias
Corpo de enseada onde moram medusas
Percurso abandonado...ameno mergulho no infinito.