O beijo da partida.
Vivemos sempre na indecisão de quem somos. Bagos de areia ou poços sem fundo? Somos iniciáticos seres procurando na conversão do tempo alguma réstia de nós. Uns têm fé...outros espreitam pela abertura dos fogos a sua própria aflição. O seu desapego. São espessas essas lareiras onde se queimam os dias. São intrincados labirintos que se enrodilham em volta da nossa vontade de fender a vida. A verdade é que somos profanadores de brilhantes e incompreensíveis vontades. A nossa vontade. E a vontade de quem não possui nenhuma vontade de estar connosco. E também a nossa vontade de não estar onde não estamos à vontade. É misteriosa a forma como vivemos. É como se estivéssemos sempre com o corpo retesado. Pronto a saltar. Só não percebemos para onde nem porquê. Somos os embaixadores dos fascínio. Somos capazes de matar e de afagar os cabelos de uma criança. Contemos a respiração. Sentimos que alguém...algum dia...virá ao nosso encontro. Esperamos a tempestade e celebramos com versos a alquimia das palavras. E não há um único momento em que não tremamos...com o medo desse vazio que se apodera de nós. Esse vazio chamado... beijo da partida.