O cerne dos poemas
Refluxo coronário de estrela assombrada
Lua que entra pelo meu coração adentro
Entre mim e o mundo há uma queimadura que nos separa
Há uma garganta na paisagem que rodopia
Um fôlego que se empina na frieza assimétrica do sonho
Com unhas de escrita abro um buraco a toda a largueza de mim
Cada palavra é um ferro em brasa
Que atravessa a minha selvática noite
Como uma estática órbita de vento
Tão próxima...tão próxima...da explosão que vai deflagrar
Na minha carne púrpura...
Na minha cerrada boca...no meu espelho fotostático
Na magreza do meu corpo
Há uma fenda onde despontam imagens de ilhas distantes
Alguém deveria dizer-me que o espaço é uma imagem circular
Alguém que abrisse a minha escuridão
Com a força de uma feroz golfada de loucura.
Em mim rodopia essa espécie de claustro ligado aos reflexos das luzes
Parar...crescer como uma repentina faísca que absorve o ar
De repente perceber que a música e a água
E todos os dilemas do mundo
São brilhos de um acaso magnificente
São movimentos que o cerne das mãos relembra...sempre....
E de cada vez que um clarão palpita na minha carne nua
As estrelas brilham com a melancolia da beleza lírica dos poemas