O delicado canto do vento.
(Foto Henri Cartier Bresson)
Há uma fascinação impiedosa a zunir nos recantos obscuros da luz
Uma aflição que quebra o espaço...um grito...um pressentimento
Há um gemido a quebrar a distância
Como um pássaro quebradiço que voa em redor de uma ferida
Pequeno coração apertado numa penugem de claridade
Novelo dobado por aves exóticas...fim do tempo que o medo sussurra
Perplexa percebes que há mais sons que aqueles que sentes
Que há mais clamores que zunem no fascínio distante das praias
E todas a noites sentes fugir de ti as palavras...enigma ardiloso da quietude
Voz das constelações que rompem caminho até ti
Talvez Horologium dobe a mordaça que te envolve
E tu te inclines para dentro de uma vontade de fugir
E os teus dedos toquem as rugosidades dos suspiros
Sem saberes que na tua pele delicada vive o corpo da esperança
E que tudo é uma aflição que caminha por temíveis precipícios
Até alcançar a harmonia que vive no tempo dos desertos
Onde remendas a vida...
Com o delicado canto do vento.