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folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

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Poesia e outras palavras.

O Espírito de Natal ( conto de Natal)

Era a semana do Natal. Sempre se sentiu assim meio perdido nesta quadra. Não conseguia sentir isso a que todos chamam o Espírito do Natal. O que seria esse mistério que tinha que descobrir. Que aurora seria esse que abriria as portas desse reino. Que verdade se quebraria na ramagem das manhãs. Que país de sonho e imagens antigas de presépios e estrelas estaria por descobrir? Mas ele caminhava esperando encontrar um sinal que lhe despertasse o coração. Ou um sentimento de suave doçura. Olhou o céu que se parecia com flocos de algodão suspensos sobre a tarde feita de um azul-claro. Olhava as pessoas. As ruas enfeitadas. As vitrines a convidarem ao consumo. As crianças a correrem pelos centros comerciais cheios de vitalidade e desejo de coisas belas. Mas ele não. Ele era um astro sem céu. Um branco areal onde o encanto das coisas se quebrava. Era uma margem à margem da margem desse espírito que habitava tanta gente. E pensou naqueles que que não têm Natal. Pensou naqueles que já encheram a sua mesa e já cá não estão. Pensou nas luzes que alumiavam o seu presépio e o seu pinheiro de Natal. E percebeu que o Espírito de Natal são uns leves compassos de coração enternecido com a beleza do mundo. E percebeu que esse espírito era uma verdade que desaparecia sempre que a memória se alongava no tempo. Que era o encanto da chuva a bater na vidraça ou o vento a açoitar as ruas ou até a neve a cair docemente. O espírito de Natal é a Eterna vontade do Homem encontrar dentro de si o calor dos outros homens. E dos outros serem todos países de sol. Solidários e verdadeiros. Leves almas que se desnudam em cânticos suaves. O Espírito de Natal era um céu de silêncio carregado de estrelas. Que muita gente se esquecia de olhar. Mas era também uma calma paisagem que se enredava no seu coração. Como uma breve verdade que teima em se esconder. E só se deixa descobrir pelos que têm um coração puro.

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