O meu absurdo murro no vácuo.
Sobra-me o tempo. Sobram-me as cinzas e o frio. Sobra-me a minha essencial controvérsia com a vida. Distorço o tempo. Distorço-me no tempo. E não descubro o significado da quebradiça atmosfera dos sentidos. Sou quem era. Mas já não sou quem era. E essa ignorância de mim é o meu pacto de silêncio. É a minha vibração de vida a assomar à janela do poente. É a minha vã tentativa de me imiscuir na noite. É a minha janela voltada para a interminável custódia da vida. O meu raio de luz despida. A minha inconsciência. A minha bofetada. O meu absurdo murro no vácuo.