O preço do nada
Ardem-me os olhos em cósmica ternura
Mas neste imenso céu de corvos
Imagino-me a beijar a carne dos astros
A difundir a minha maneira de não estar
E a aceitar pagar o meu preço de homem sem préstimo.
Em toda a gente vejo um astro frio
Por toda a parte declinam os bocejos
E a vida ali...tão perene...a arder...
Num alvoroço de aves sombrias.
E não me digam que os rios dormem na boca dos peixes
E não me digam que as almas saltam do corpo dos enforcados
Não digam nada que me gele
Nem afirmem nada que se crave na minha fome de tudo ser possível...