O profundo choro das coisas
Crescemos com as coisas simples
Com as pequenas coisas..
Pequenos legos coloridos de emoções
Construções de lágrimas..invisibilidade
Crescemos agarrados a uma mão
A um dia...a um lugar secreto
Um lugar que nunca atraiçoamos
A um ruído intermitente de relógio
Tic-tac...tic-tac...tic-tac
Crescemos com as pupilas dilatadas pelos abraços
Perdição de pele emaranhada em arrepios
Crescemos quando o amor nos diz
Que somos o sentido da nossa vida
Crescemos sem o embaraço da filosofia
Que importa a filosofia que fala da perda e da inutilidade?
Se os nossos mais recônditos lugares
Estão cheios de ti e de mim
E se nos pânicos a nossa pele se descobre
É porque lá é o começo da poesia
Anda mais depressa..acorda a rua
Traz-me um perfume nocturno
Um abraço obsceno
Crescemos...quando sabemos que nem sempre estaremos
Que o futuro é um lugar de perdições
E que no peito...bem lá no fundo
Há um aperto...
E um estrangulamento de felicidade
Por favor
diz-me que me deixas ver o teus cabelos esbranquiçarem
Cresce comigo
Deixa que o teu sorriso venha gravado nas palavras
Respiro fundo
Hoje quero amar depressa
Amanhã... talvez me doam as costas.
Talvez sinta aquela faca a cravar-se dentro do meu peito
Mas hoje...cresce comigo
Até ao profundo choro das coisas...