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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

O sabor do vento

Um dia …

Quando a minha alma chegar ao lado mais escuro...

Saborearei o vento

Um dia...

Quando a claridade dos deuses me cegar os ossos...

Devorarei as raízes das coisas impuras

Enviarei mensagens encriptadas ao medo...

Serei a seiva espalhafatosa dos astros

No cume das serras ascenderei ao olhar dos mortos...

Pois conheço esse caminho de cegos onde os deuses estremecem

Um dia...

Quando minha pele se vestir com os cantos que ecoam na noite

E as raízes se cobrirem de vergonha...

Serei eu próprio quem dormirá na amplidão do mar...

E serei o relâmpago que se acenderá por si próprio

Pois sei que no azul silencioso todos os caminhos se cruzam...

Por isso estou vivo e avanço

Reconstruo-me...escoo-me...

Ascendo às asas do meu lume...incendeio-me

Adormeço quando a manhã me avassala e desampara...

Tenho comigo o respirar dos pássaros

Desconheço a luz que me despe...

Por isso envio falaciosas rimas aos infernos

Misturo-me com as constelações...

Dispo-me com a estranheza dos desassossegados

Como num encanto construo o meu mar...

Visito Brandão

E caio desamparado no meu abismo...

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