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folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

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Poesia e outras palavras.

O sonho coralino

Derramamos os nossos sonhos como quem levita num berço de corais. Somos iguais a terra. Somos profundos espaços cheios de medos. Surgimos no mundo como nómadas nus. Crescemos. Depois escrevemos falsas árias. Somos interpretes de operetas vazias. E temos esperanças. Em quê? Não sabemos!

 

Por vezes vogamos em profundas hélices...fundindo-nos em inúteis segredos. Procuramos em nós a resposta para a carência de palavras. Porque queremos saber se entre nós e os céus alguém se intrometerá? Somos muralhas. Somos livros. Somos sótãos. Possuímos toda a fragilidade dos abismos. Subimos e descemos essa escada oxidada dos dias. Agarramo-nos ao tempo como quem prende em si uma música secreta. Mascaramo-nos de venenos perigosos. Sorvemos a língua do mundo. E vivemos...empalados entre o mistério que se abre nos céus e as portas fechadas da terra.

 

Somos crianças. Somos fragilidades. Somos ponteiros de relógios intemporais...que não têm tempo para os relógios. Enrolamo-nos nas outras pessoas...como sombras. Como imperfeições. Como gavetas de cómodas vazias. E estendemos as mãos. E apontamos o infinito. E aguardamos pela imensa porta das coisas que não sabemos .