O tempo não pode esperar
Tem piedade de mim veneno
Que me matas de nobres ideais
Deixa-me arder neste sufoco
De hinos saídos da boca aberta das visões
Deixa-me sonhar com crimes
Imaginar infernos...baptizar danados
Deixa-me morrer de sede
Cumprimentar bispos...engolir infortúnios
Deixa-me arder coberto por um inocente pecado
Embebedado em delícias condenadas
Que te posso pedir mais?
Talvez ...ignóbeis dias...bichanares de gatos e ratas
Infernos...infernos...
Tragam-me já todos os deliciosos infernos
Quero lançar no fogo todas as ambições
E todos os escravos
Mutilar todos os retiros espirituais
O tempo não pode esperar
E o Inverno é para engolir
Agora que tenho a infância coberta de erva
E os cabelos cobertos de neve
Exijo um conluio
Quero um coitadinho para mimar
E um perfume falso para ordenhar
Quero esfarelar o Bem...explicar o Mal
Beber na pia baptismal
A salvação colérica
Quero a perfeição da vergonha
E a estupidez de uma estúpida verdade
Quero calar os princípios do discernimento
Estudar a perfeição do acasalamento
Quero um oceano
Coberto por um céu insuportavelmente firme
Insuportavelmente ignóbil
Onde possa ver chamas a sair de um mutilado
Como a raiva de um falso enclausurado
Onde a justiça possa empedrar os passeios
E eu me possa calar de vergonha
Porque afinal...
Não sei o que são as leis humanas
Nem o meu corpo tem tanta sede
Que não possa passar sem água...