O teu rosto
Hoje de manhã
Juro que vi a orla do tempo a passar
E que nesta neblina
Feita de barcos e vidraças
Mesmo lá por detrás
Estava a velhice a acenar
E o rio...esse Tejo insaciável
Espera sempre... ver-me passar.
Mergulho na luz do fim da tarde
Como quem levanta os olhos para o espanto
Fissura de mim...catedral de paz
Onde está essa tela que adivinho ver
Onde está o rosto que adivinho ser
O teu...
Há uma tragédia em cada pássaro
Há uma deriva em cada retrato
Há uma terra calma...em cada alma
E uma hora branca em cada frio
E dentro de mim
Um arrepio....