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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

O vazio da espuma

Em redor de mim a chama do silêncio anuncia o dia

Do chão molhado ergue-se o perfume da terra ressequida

A lua traça labirintos nos caules dos poejos

E nesta pureza de verde e prata

Tudo me liga ao mundo

Tudo me diz que sou mar dividido

Mar entrelaçado com o luar que me agarra

Mar de pedra e de gesto perdido

Mar de mãos que escorregam no corpo da chuva

Mar de brancura e enseada

Onde as aves se apartam das ilhas e dos ventos

E onde o meu corpo galopa no cadafalso das artérias

Como um papel rasgado pela escultura do tempo.

 

Aliança de teias e rostos de mármore rosa

Sozinho...acoitado numa prece pintada num naufrágio

Onde navega a noite e o vazio da espuma

Onde os homens se resgatam nos cálices do infinito

Com rostos imóveis...com floridos destinos

Com intensos clamores de mãos

A agarrar a fúria das tempestades

Que por eles se roçam...que por eles passam

Como imagens de abismos rugindo

Por dentro da sua alma

Feição de calma... e raiva...

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