O vento soprava ligeiro
Crescem no meu corpo
Cheiros de outros corpos
Crescem cheiros a rosas
Tumultuosas e embriagadas
Como saudades atordoadas
Pela carnificina épica da noite
Crescem misteriosos e comovidos reflexos
Exaltados pela despedida
Como testemunhas da noite solene
Em que o amor se banhou em suor
São intervalos...campos...
Nuvens despidas de sol...
Ficaram como ansiosas e encantadas penas
Tementes do esquecimento
Ou como adorados lagos azuis
Onde mergulhámos...
Crescem no meu corpo
Saudades dos campos que percorremos
Dos imensos incêndios que ateámos
Das batalhas épicas
Das despedidas do sol
Das mãos e dos olhares
Desses olhares onde não havia espaço
Olhos colados com olhos...
Mãos febris com prazeres raivosos...insensatos
Razoáveis na sua alienação
Montámos nus a cavalo
E saudámos os carvalhos...os pinheiros...
Percorremos os plátanos...um a um
Inscrevemos lá os nossos cheiros...
Os nossos corpos eram colares de pérolas
Só faziam sentido colados...enfiados...
O vento soprava ligeiro e sem peso...
E nós... éramos apenas a emoção
Elevada às alturas cristalinas do prazer...