Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Olhamos a profundidade do horizonte...

Estamos no topo da página que cruelmente nos fala do que já não somos

Estamos no cimo assombrado de uma certeza que se esborracha na nossa cara

Vemos os sorrisos que se cruzam nas esquinas incolores

Vemos a imundície dos corpos a derrapar nas avenidas..a cruzar as ruas...a cair de tédio

Olhamos a profundidade do horizonte...a todo o custo queremos saber se já somos outros

Queremos saber se a fantasia ainda se agita na nossa imaginação

Se o nosso corpo ainda é uma obsessão adolescente

Se os nossos olhos ainda queimam as rosas dos dias

Se os nossos olhares ainda baloiçam nas vagas de um mar sagrado

Se no fim das ruas não está a derrota..cruel...voraz...inconsentida

E sabes que não queres ser um naufrágio sentado numa cadeira de baloiço

Sabes que ainda agora sangraste o medo de seres lágrimas e choros

Sabes que a tua vida vai desaguar num lago

Perdido e cego por uma visão lunar..apocaliptica

Sabes que a tua vida seguirá em todos os sentidos...

Que a chuva que te encharca cairá em todos os lugares

Que das profundezas do mar se erguerão vagas de veludo..

Adocicadas irão lamber o teu corpo insatisfeito...

Como imperceptíveis tatuagens que te dirão que chegaste à saliva das ilhas

E que sobreviveste ao assombramento acerado das flores

Como um profundo sonho..magoado pelo uso dos dias difíceis

Envelhecido nas imagens de fotos antigas...

Vês o teu futuro...vês essa coisa que se agita para lá de todos os teus sentidos

Vês esse sangramento de solidão ...ancorada nos barcos saídos da infância

Que descem os rios..contornam os cabos...

Da boa desesperança....