Olhar
Olhei e vi as mãos paradas
As coisas perderam-se o nexo
Na fronteira azul das tuas coxas
Não havia razão para me pertencerem
Não encontrei dentro de mim essa razão
Foi assim como uma antecipação do fim
Uns olhos parados entre a minha voz e o teu corpo.
Afastei-me dessa fronteira sem dono
Onde se anicha o azul do mar que nunca regressa
Ouvi a música da tua voz.
Ou era a minha a segredar?
Não cheguei a perceber...
Por instantes naveguei
Por todas as tuas nascentes
Transbordei...pertenci-me
Pertenci-te?
Não havia nuvens sobre nós
O tempo era uma terra sem dono
Uma harmonia de dedo espetado na minha direcção.
Chegou-se a mim...enroscou-se
Descobri-me nas profundezas da terra
Por debaixo do chão corria o meu rio...viajei no tempo
E parado...
Contemplei todos os instantes
Em que as lágrimas desfilaram pela minha face...