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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Olhar de menino

Tirei de mim todas as ruas da cidade

Fitei o vazio do cais e depois...

Imaginei-me a esculpir uma trança de estrelas

Com bocados de pássaros azuis...

 

Imaginei um destino encostado ao umbral do meu silêncio

Imaginei um rasto de noite a enfeitar o vazio dos sonhos

E depois...nada...mais nada...mais nada...

Ah! Mas antes disso...

Carreguei a noite com pétalas de pele arrancada aos espelhos...

 

Eu sei que habito o voo amargo das borboletas

Eu sei que me enfeito com nuvens de pedras acesas

E todas as noites desapareço na fenda das estrelas

Enquanto o luar se esmaga num ritual de garras afiadas

E eu me perco no desequilíbrio que se agarra ao lajedo da minha alma...

 

Neste longo este escorregar pela febre dos pinheiros

Pairar no sono...brilhar no encanto da noite sem retorno

Cheirar o chão e de súbito...

Despedir-me das folhas amareladas dos castanheiros....

 

Enfeitar as ruas com mundos sem sentido

Ter nas mãos o sangue do destino

Olhar a morte como quem vem ao mundo

Sentir o eco de uma floresta alheia a quem passa...

E pintar com musgo...o meu olhar...de menino...

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