Olheiras
Oh vaidade da carne lavada em sombras...
Tu que tudo podes e tudo queres...
Dá-me o sabor da perversidade
Deixa-me passear na noite do teu jardim...
Deixa-me ser o ágil leopardo de olhos profundos...
Que escala a tua pungente muralha de sonhos vagos
Deixa-me ser a manhã graciosa...
Que acorda nos teus lençóis de linho branco
Deixa-me ser o teu obscuro raio...
Que de tão fulgurante perdeu a luz
Na secreta noite assediante e caprichosa...
Em que guardei o teu corpo...
Dentro das minhas olheiras negras!