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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Onde as almas se unem

Navego nos murmúrios de um cântico

Náufrago de ventre rasgado...aquática noite

Dormem comigo vestígios de estrelas cadentes

Metais talhados com sabres calcários

Céus enfurecidos abrem-se

Como ostras esburacadas

Escorrem por entre os pulsos

Iluminam a morte dos peixes

Erguem-se como deuses

Pensam como estrondos

Morrem como dedos cobertos de areia

Já não querem desvendar segredos

E caem as árvores apunhaladas...esquecidas

Pedaços de tempo ecoam nas salas vazias

Pés descalços que penetram no interior da cidade

Lembro-me de ti

Esquecida num remoto espelho

Rasgando luas..fogueiras baças

O rio murmura algures...abraço-te

Das pedras saem imaginários segredos

Ouro falso...desastre...inundação de verde

Enfurecidos peixes rondam

Pela humidade do coração

Submersos numa saudade de cristal.

 

Irei contigo...

Serei o teu acompanhante inacessível

O teu caos submerso

A tua lua calcária

E virás... como uma explosão de vento

Como uma ave construída com águas revoltas

Serás areias e coxas

Deslumbrante ponte sobre o meu corpo imaginário

Enfurecida insónia

E virás...

Caminhando sobre o meu desastre

Acompanhando os meus vestígios …

Como uma saudade esculpida numa pedra morta

Ou um náufrago descrente da luz

E mesmo que das árvores mais altas

Se despenhem gargantas...

Que das flores mais temidas se rasguem gestos

Serás sempre a minha luzidia estrela

O meu rosto lunar

O meu resfolegar de manhã enevoada

Onde se rasgam as luzes

E as almas se unem!

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