Onde não há poesia
Nascemos calados
Ingénuos...originais...sem pecados
Forçamos as horas a susterem-nos no tempo
Crescemos...
Depois a nossa estátua alegra-se
O tempo da fuligem cinzenta passa
E cismamos...incandescentes
Como seixos ao sol plantados na areia dos verso
Pensamos...
Quem se terá lembrado de chamar ao amor...pecado?
Pensamos no peso do pecado
Qual peso?
O pecado não tem peso
Porque não existe pecado
É uma invenção...um desregramento
Somos dois...somos muitos...alegra-te
A balança não se desequilibrará
A soma fabulosa da perfeição
Resultou em homem e mulher
E... por isso... inúteis são os que dizem
Que não podemos renascer todos os dias
Inúteis são os arcanjos terrestres
Mestres do cinismo
Que claudicam no tédio balofo
Onde não há poesia...
Inspiração...
Esculpe em mim todas as palavras
Diz-me todos os teus segredos
Torna-me um verso imperfeito
Deixa-me contar pelos dedos
Os sérios...os coitados...
Deixa-me chamar aos pecados
Elevações robustas da alma...
Deixa-me chamar aos pecados
Razão...fogo...incandescência.
Deixa-me chamar aos que condenam os pecados
Espectros...dores...insignificâncias
Porque poucos sabem
Que na hora em que nascemos
Já somos cinzas petrificadas
Sepulcros perfeitos...terra ardida....fogo solar
E perante isso...
Deixemos o nosso esqueleto pecar
Pecar...pecar...