Oráculo
Que vês na mitológica praia onde a noite não é mais que uma solidão
Que sabes das coisas em que não pensas?
Mas será que pensas nas coisas que não sabes?
Madrugada...onde mora a altiva idade dos fantasmas
Madrugada...onde mora a insatisfação cansada do exílio dos dias
Madrugada...onde a insatisfação traça no céu uma linha sem imaginário.
Passos curtos...longa rota...aurora de ferro
Espero que o horizonte seja mais que uma linha flutuante
Espero uma barca onde possa despir o meu corpo livre
Ou onde a alma presa aos segredos se desfaça em mim.
O vento ergue-se por dentro do meu tempo
Basta um minuto para que os olhos se fechem as dunas respirem...e
As estrelas emudeçam...
E sejam como luzes pregadas num céu de hulha.
Pego no futuro...é agora...já o tenho...estóico... penso que tenho tudo
Desço por este desvão em direcção a um tempo raso
Mas chove nos candeeiros apagados
Não há luz na retina das ruas
Algo se quebrou...algo se partiu na gruta do oráculo
Foi o tempo e a raiva...foi o escuro e a fala...
Foi o mundo!