Origens da língua portuguesa
O sânscrito foi a língua de uma magnificente literatura que simboliza o passado linguístico de todas as grandes literaturas ocidentais, pois que representa, ainda que diversificado, o tronco originário de todas as famílias de línguas ditas indo-europeias: o celta, o grego antigo, o latim ( e com ele as línguas românicas: português, espanhol, francês, italiano, etc.) As irânicas como o persa antigo, as eslavas, todas descendem desse tronco mítico. A literatura nesta língua divide-se em dois períodos principais : o védico (1500-1300 a.C.) e o dito clássico (350-a.C- 1000 d.C.). Aquele é dominado pelos Vedas, os Upanishads, os Sutras.***
Eis aqui alguns poemas traduzidos os sânscrito:
De Kalidasa
O professor que pensa que o que importa
é estar na cátedra ganhando a vida,
sem estudar mais, deixando que em si morra
a controvérsia que ao pensar acende,
não é senão mesquinho traficante
que a obra dos outros a retalho vende.
De Barttrhari
No prólogo, criança. Acto primeiro, um jovem
ardendo de paixão. No acto segundo, um pobre
que é rico, logo após, num interlúdio breve.
E, no último acto, esse Homem, trôpego e curvado,
sai do palco da vida, pois se acaba a peça
com que ele se estreou, ao ter nascido um dia.
****
Aquela que na ideia tenho acesa,
de mim não cuida, e a um outro homem quer.
E noutra que não é ela é que ele pensa,
e uma outra ainda há que só por mim suspira.
Ao diabo o amor, mais elas,e ele, e eu.
De Dandin
Vai, se tens que ir – disse ela. Rezarei
para que os deuses te protejam sempre.
E aqui te juro que hei-de renascer
lá onde quer que fiques, meu amor.
***
“Oh, não me esqueças nunca!” - “ Como posso,
se o coração que lembra vai contigo?”
De Amaru
Depois que nos amamos, meu amor,
ainda arquejantes do potente amor,
então na tua fronte, meu amor,
aspiro inebriado o suor do amor;
e quando os nossos corpos para o amor
se enlaçam e deslaçam por amor
e se repousam de ter feito amor,
mais me inebria o perfumado amor
que em nós confunde um hálito de amor.
***Créditos – poesia de 26 séculos de Jorge de Sena