Os homens-deuses
De um céu antigo desce a nostalgia dos olhos
Desponto na espessura cálida do nordeste
E vejo homens-estalactites
Pendurados nas abóbadas lascivas das palavras
E vejo homens assombrados pela beleza escura dos desertos
Homens-sonho...homens-digitais
Homens que procuram berços no canto dos pássaros perdidos
As luzes assombram o delírio das mansardas
Homens-espectro dançam nos recantos dos beirais
Com olhos líquidos derramando-se pelos glaciares das ruas
E há uma tosse a aliciar as tardes
Há gotas de água a escorrer pelas costas das árvores
E um homem-teia ondula no silêncio inócuo dos corredores
Como tonitruantes castas de assombro
Como húmidos voos de águias
Como despovoados alicerces sem eira nem beira
Assim andam...descalços...pelas paredes das casas
A colher amanhãs...os homens-deuses...